O que são as alterações climáticas?

As alterações climáticas caracterizam-se por uma mudança significativa e prolongada na distribuição estatística dos padrões meteorológicos decorre ao longo de um período que pode ir de décadas a milénios. Este fenómeno pode manifestar-se numa mudança das condições atmosféricas médias, ou numa distribuição de estados do tempo em torno das mesmas, com a maior ou menor ocorrência de fenómenos climáticos extremos (ver Wikipédia: Mudança do clima).

O aquecimento global (associado às alterações climáticas) é caracterizado pelo aumento inequívoco e continuado da temperatura média do sistema climático da Terra (ver Wikipédia: Aquecimento global).

Poderá ver também o documento informativo sobre alterações climáticas (Climate change factsheet) da Comissão Europeia (pdf, 6 páginas). Este documento informativo está disponível em 21 idiomas. Caso pretenda visualizar o documento noutro idioma, aceda no link http://ec.europa.eu/clima/publications/. Seleccione General climate change publications e, de seguida, clique no ícone em forma de balão que se encontra à direita do nome do documento para consultar os idiomas disponíveis.

Ao longo de décadas, o clima tem estado a aquecer à escala global

O clima é uma medida do padrão médio de variação de elementos meteorológicos como a temperatura, a humidade, a pressão atmosférica, o vento, a precipitação, a concentração de partículas atmosféricas, entre outros, numa dada região e durante longos períodos de tempo. Uma particularidade do clima são as suas oscilações naturais, que se verificam de ano para ano na irregularidade das estações (ver Wikipédia: Clima).

Esta variabilidade climática é normal e é o resultado da inconstância das correntes marítimas, da atividade vulcânica, da radiação solar e de outros fatores do clima que escapam ainda à nossa compreensão. Além disso, o clima terrestre manifesta também fenómenos extremos (como cheias, secas, granizo, tornados, furacões, etc.), os quais podem ter efeitos devastadores.

Nas últimas décadas, uma série de estudos e de indicadores têm revelado que o clima está a aquecer numa dimensão global.

A Síntese do Quinto Relatório de Avaliação (Summary for Policymakers of the 5th report) do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) dirigido aos decisores políticos, publicado em outubro de 2013, declara que: «O aquecimento do sistema climático é inquestionável. Desde a década de 1950, têm-se vindo a observar inúmeras mudanças sem precedente nas últimas dezenas ou mesmo milhares de anos. A atmosfera e os oceanos aqueceram, a quantidade de neve e de gelo diminuiu, o nível médio das águas do mar subiu e a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera aumentou.»

Poderá observar as variações da temperatura global desde o final do século XIX através das imagens fornecidas pela NASA:

Causas do aquecimento global

A vida na Terra só é possível devido ao chamado «efeito de estufa», um fenómeno natural que é responsável por manter as temperaturas à superfície do planeta em valores propícios. Quando a radiação solar atinge a atmosfera terrestre, uma parte é refletida de volta para o espaço e outra parte atravessa-a, sendo absorvida pela superfície do planeta, provocando o seu aquecimento. O calor assim gerado é emitido em direção ao exterior, sendo que uma parte se escapa para o espaço e outra parte é absorvida pelos gases presentes na atmosfera, designados por «gases com efeito de estufa». Este fenómeno impede que a totalidade do calor escoe para o exterior, mantendo uma temperatura média à superfície de cerca de +15ºC, em vez de -19ºC.

Mas para além deste efeito de estufa natural, existem diversos gases com efeito de estufa responsáveis por um aquecimento adicional da atmosfera, e cuja origem se deve a um conjunto variado de causas humanas. A maioria destes gases provém da queima de combustíveis fósseis em veículos, nas fábricas, e nas centrais elétricas. De todos os gases presentes na atmosfera, o principal responsável pelo aquecimento global é o dióxido de carbono (CO2). No entanto, outros gases contribuem também para o mesmo fenómeno, como o metano libertado nos aterros sanitários e na atividade agropecuária (nomeadamente no processo digestivo do gado bovino), o óxido nitroso libertado pelos fertilizantes, e os gases empregues em processos industriais e de refrigeração. A desflorestação traz igualmente consequências, na medida em que menos árvores ficam disponíveis para absorver o CO2.

 


Figura: Efeito de estufa provocado por interferência antropogénica. Fonte: US National Park Service

 

A Síntese do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC de 2013 dirigido aos decisores políticos declara que: «A interferência antropogénica no sistema climático é indiscutível, sendo evidenciada pela crescente concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, pela força radiativa positiva, pelo aquecimento experienciado, bem como pela compreensão que temos do sistema climático. (…) É extremamente provável que a interferência antropogénica tenha sido a causa dominante do aquecimento a que se tem vindo a assistir desde meados do século XX. (…) As emissões contínuas de gases com efeito de estufa contribuirão para agravar este aquecimento e causarão alterações em todos os componentes do sistema climático. Para travar as alterações climáticas será necessário apostar numa redução substancial e progressiva das emissões de gases com efeito de estufa.»  (Na síntese do Quinto Relatório de Avaliação do IPCC, o termo «extremamente provável» diz respeito a uma probabilidade de ocorrência de 95 a 100%.)

Consequências do aquecimento global

As alterações climáticas estão a causar mudanças a vários níveis na economia, na saúde e nas comunidades. Segundo os cientistas, se não travarmos desde já, e de forma significativa, as alterações climáticas, os resultados poderão ser devastadores. Caso o planeta continue a aquecer, poderão verificar-se algumas das seguintes mudanças:

  • O nível do mar irá subir, devido ao facto de a água expandir com o aumento da temperatura, e de os oceanos absorvem mais calor do que a terra.
  • O mesmo sucederá devido ao derretimento dos glaciares e das banquisas (gelo marinho).
  • Algumas cidades costeiras poderão ficar inundadas.
  • Algumas zonas com chuva e queda de neve abundantes poderão tornar-se mais quentes e secas.
  • Os leitos de alguns rios e lagos poderão secar.
  • O número de secas poderá aumentar, prejudicando as colheitas.
  • As reservas de água potável para consumo, higiene, agricultura e produção de alimentos poderão diminuir.
  • Poderá ocorrer a extinção de muitas espécies animais e vegetais.
  • Certos fenómenos climáticos extremos, como furacões, tornados e outras tempestades, que sejam causados por alterações na temperatura e no mecanismo de evaporação da água, poderão tornar-se mais frequentes.